quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Pequena Dor

Porque adoro Rui Veloso, porque o ouço todos os dias como se ele me ouvisse também.
E porque esta letra não me sai da cabeça. E porque todos já a sentimos.

A tua pequena dor
Quase nem se quer te dói
É só um ligeiro ardor
Que não mata
Mas que mói.

É uma dor pequenina
Quase como se não fosse
É como uma tangerina
Tem um sumo agridoce.

De onde vem essa dor
Se a causa não se vê
Se não é por desamor
Então é uma dor de quê.

Não exponhas essa dor
É preciosa é só tua
Não a mostres tem pudor
É um lado oculto da lua.

Não é vício nem costume
Deve ser inquietação
Não há nada que a arrume
Dentro do teu coração.

Talvez seja a dor de ser
Só a sente quem a tem
Ou será a dor de ver
A dor de ir mais além.

Certo é ser a dor de quem
Não se dá por satisfeito
Não a mates, guarda bem
Guardada no fundo do peito.


quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Não fui feita...

...definitivamente,para fazer compras. Eu sei que é estranho ouvir uma mulher dizer isto, mas se já nas lojas perco a paciência, morro de tédio nos supermercados.
Se há momento que me chateia MESMO é ter que percorrer corredores ás cores, intermináveis, sabendo que lá tenho de voltar todas as semanas. E não, não gosto das compras online!
Eu juro que simplifico a lista, tento despachar-me rápido (de tal maneira que nunca trago tudo, há sempre algo que me esqueço) mas ali trocam-me sempre as voltas.
Há iogurtes magros, açucarados, para gente alta e pequena, para quem gosta de manga, limão, banana, morango e o diabo a sete.
Se quero limpa vidros, há todo um cadastro de marcas e líquidos gordurosos ou cristalinos, mesmo ao lado dos produtos de chão...de madeira, madeirinha e madeirona.
Quero ovos, posso escolher entre S M L e XL (who cares?!? Eu não vou vesti-los!).
Se quero papel higiénico, tenho de passar pelos guardanapos finos e grossos, pequenos médios ou grandes, amarelos, brancos ou cor de burro quando foge, que pelos vistos são os reciclados. Quando o papel higiénico surge no horizonte, há folha dupla, folha normal, perfumados, ás cores ou ás bolinhas (como se isso fizesse diferença nas horas de aperto, para não lhe chamar outra coisa).

Sonho com o dia em que terei um cartaz à entrada em letras garrafais a dizer:

"Querida Vânia, tomamos a liberdade de ler os seus pensamentos e separar tudo o que precisa, antes que se enerve e nos parta o focinho"

E era isto. Simples!


segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Até para nascer, todos temos de dar a volta!

Posso demorar a cá voltar, mas volto sempre. Tenho estado fora deste silêncio cor de rosa, porque nos últimos tempos, a vida tem sido azul celeste, ás vezes pálido e ás vezes quase transparente.
Como todas as pessoas, também eu sofro mudanças e também eu tenho altos e baixos. Caminhos que não tinha planeado, voltas em que não desacelerarei e me espatifei ao comprido. Estou numa dessas mudanças, a nível pessoal, e vim para o Porto o mês inteiro para carregar baterias, encher-me de optimismo e energias boas.



No início não senti nenhum alívio por estar de férias, tinha momentos de pura ansiedade e tive de me travar.
E foi quando decidi fechar o que me assustava e o que me fazia ter um sono agitado, numa gaveta sem chave. E ali ficou, até agora.
Foi aqui que vieram as gargalhadas, os abraços, os mimos, as conversas sem fim.
Foi aí que me permiti ser livre. E fui de tal forma, que perdi a noção dos dias.
Relembrei como é bom ter amigos de sangue. Aqueles que passam por irmãos. Amigos que aconteça o que acontecer, esperam por mim. E esperarem por nós, é o que de melhor temos :) ter lá alguém. Ter mesmo.
Esperarem por mim, com um atraso brutal, só para me levarem a comer os melhores croissants de chocolate de sempre, naquela pastelaria que já não nos vê há anos mas que sabem que é a minha perdição.

Ouvirem os meus desabafos, enquanto tomam banho, comigo sentada na tampa da sanita e a beber chá de cebola para curar a tosse que decidiu aparecer. Isto é amizade de sangue!

Andarem comigo de carro, suportarem a música alta e acompanharem-me na letra da música.

Chamarem-nos em cima da hora, já quase nas escadas rolantes, para nos entregarem uma carta :)

Comprarem os bolinhos preferidos, mesmo quando de enganam e confundem com outros!

Fazerem aquela receita pela primeira vez, enervarem-se com a massa, perderem um tempão e sujarem a cozinha só porque querem receber bem. E que bem :)

Usarem o sentido de humor para me desarmarem. Não há nada que me apanhe mais desprevenida e que me faça melhor do que o bom humor. Perguntar a alguém se toca só piano, e responderem que também tocam campainhas. Fazer uma chamada de longa distância e atenderem a dizer que é da Telepizza, sem me darem tempo para prender o riso.

Levarem-me a dançar, até suar em bica, e gritarem as músicas comigo, no meio da multidão e de olhos fechados:

Now I'm walking on sunshine, oh oh!
I'm walking on sunshine, oh oh!
I'm walking on sunshine, oh oh!
And don't it feel good?!


Passarmos tempo em família, com quem não vemos há séculos e aprender expressões que ficam para história: um "kléber" em vez de pedirmos um "Kebab" ou "arreganhar o queijo" quando espalhamos os queijinhos da Vaca que Ri, dentro do pão.
Um sem número de momentos, que todos juntos, me fizeram nova!!!!

E eu, que andei a dar férias a vocês desse lado, prometo que vim para me sentar na Sala.
Estou renovada, pronta para dar a volta e nascer de novo.
E sei que quem me lê, espera sempre por mim!

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Oh captain, my captain...

Achei que ia chegar aqui cheia de pica e de boa disposição, a dizer "Olá silenciosos" com pronúncia tripeira, directamente do coração da cidade, onde estou a reunir energias antes do ano lectivo começar.
Tenho coisas boas para contar, muitas! Tenho abraços e olhares quentes, tenho bocadinhos de luz no meio de dias chuva (um beijinho à minha Suricate!) mas hoje não é o dia para partilhar.
O mundo perdeu um dos sorrisos mais genuínos e eu não consigo passar ao lado.
Não me lembro bem quando comecei a gostar de cinema e a devorar filmes. Mas lembro-me de ti...


Do grito com que dizias Boooooooooom diiiaaaaaa Vietname, com os lábios em curva, a sorrir ao mesmo tempo.
Fazia parte do guião, eu sei. Se não fosses tu, outro faria. Mas o que impregnaste de ti naquele grito, dura até hoje. E isso tem de significar algo, certo?

Na faculdade, "obrigaram-nos" a ver o filme "Patch Adams" e desde essa altura, que sei que rir é o melhor remédio. Uma missão e um toque medicinal. Chegar aos outros com a leveza de uma gargalhada, pode dar anos de vida e eu devo-te uns quantos.


Morrer todos morremos. É triste, chora-se, fala-se 146277 vezes até enjoarmos o assunto e pronto.
Custa-me acima de tudo a forma...dizem que por enforcamento, por suicídio devido a uma forte depressão.
Custa-me imaginar como te deixaram cair assim. Como ninguém te ouviu. Tentaste ao menos subir acima de uma mesa, para teres outra perspectiva da vida?


Fizeste-me gostar de fazer rir, de rir de mim própria. Viciaste-me em narizes vermelhos e em chegar aos outros com o coração. Foste Poeta, agora estás Morto, mas o teu Clube permanece. Oh Captain, My Captain....