terça-feira, 28 de outubro de 2014

Há livros e livros. E há Pedro Chagas Freitas.

" Silêncio, que se vai amar.
Todos os amores começam assim. No silêncio de um olhar, no silêncio de uma mão dependente da outra (...). É fundamental o silêncio entre duas pessoas que se querem falar. É fundamental o silêncio para que o amor se entenda. E «Amo-te» é uma palavra que só se diz assim:
Shiu. (...)

Prometo falhar. Sem hesitar. Prometo ser humano, aqui e ali ser incoerente, aqui e ali dizer a palavra errada, a frase errada, até o texto errado, aqui e ali agir sem pensar, para que raios serve pensar quando te amo tão desalmadamente assim? Prometo compreender, prometo querer, prometo acreditar. Prometo insistir, prometo lutar, descobrir, aprender, ensinar. Tudo para te dizer que prometo falhar. E Deus te livre de não me prometeres o mesmo.

«Foste a maneira mais bonita de errar.»

E ela sentiu a respiração a faltar, hesitou como nunca tinha hesitado, quis pensar aquilo tudo, colocar todas as possibilidades nos pratos da balança, mas quando deu por si não disse «quero tanto mas deixa lá», quando deu por si estava a pensar em como conseguira deixar de pensar, um ou dois segundos de ela própria, o amor só existe quando nos oferece pelo menos um ou dois segundos de nós próprios.

«Se voltas a falhar juro que te amo para sempre.»

E ela falhou."




in "Prometo falhar", de Pedro Chagas Freitas

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Mai nada!

Tendo em conta que sou uma Amiga-Galinha, uma Filha-Galinha e uma Tudo-Galinha, não resisti a esta...


Bom arranque de semana :)

domingo, 26 de outubro de 2014

Para ler e pensar.

Para os nascidos antes de 1986...

"De acordo com os reguladores e burocratas de hoje, todos nós que nascemos nos anos 60, 70 e princípios de 80, não devíamos ter sobrevivido até hoje, porque as nossas caminhas de bebê eram pintadas com cores bonitas, em tinta à base de chumbo, altamente tóxicas, que nós muitas vezes lambíamos e mordíamos.

Não tínhamos frascos de medicamentos com tampas à prova de crianças, ou fechos nos armários e podíamos brincar com as panelas numa boa.
Quando andávamos de bicicleta, não usávamos capacetes, cotoveleiras e joelheiras!
Quando éramos pequenos viajávamos em carros sem cintos de segurança e airbags, ir no banco da frente era um bônus.
Bebíamos água da mangueira do jardim e não de garrafa, que na época nem vendia.
Comíamos batatas fritas, pão com manteiga e outras porcarias mas dificilmente engordávamos porque estávamos sempre loucos para brincar na rua com os amigos.
Partilhávamos garrafas e copos com dezenas de colegas e nunca morremos disso.
Passávamos horas a fazer carrinhos de rolamentos e depois andávamos a grande velocidade pela rua mais íngreme, para só depois nos lembrarmos que esquecemos de montar algum tipo de freio.
Saíamos de casa de manhã e brincávamos o dia todo, desde que estivéssemos em casa antes de escurecer.
Estávamos incontactáveis e ninguém se importava com isso.
Não tínhamos Play Station, X Box, nada de 100 canais de televisão, filmes de vídeo, home cinema, telemóveis, computadores, DVD, Chat na Internet.
A Tv apanhava no máximo RTP e RTP2.
Tínhamos amigos e para vê-los era só ir pra rua.
Caíamos de muros e de árvores, cortávamo-nos, até partíamos ossos, apertávamos as campainhas dos vizinhos, fugíamos e tínhamos mesmo medo de sermos apanhados.
Tudo isso sem ninguém processar ninguém!

Íamos a pé para casa dos amigos.
Acreditem ou não íamos a pé para a escola; não esperávamos que a mãe ou o pai nos levassem.
Criávamos jogos com simples paus e bolas.
Se infringíssemos a lei era impensável os nossos pais nos safarem.
Eles estavam era do lado da lei.
Esta geração produziu os melhores inventores e desenrascados de sempre.
Os últimos 50 anos têm sido uma explosão de inovação e ideias novas.
Tínhamos liberdade, fracasso, sucesso e responsabilidade e aprendemos a lidar com tudo.

És um deles?

Parabéns!"

sábado, 25 de outubro de 2014

Lado a Lado.

Sei que toda a gente vai ler isto. Gente que vem de outros blogues. Gente que tem outras vidas, outras histórias. Gente que não me conhece bem, nem mais ou menos e umas que vão conhecendo. Gente que acha que me vê com olhos de ver. E até as poucas que realmente permiti que me conhecessem. Muitas não vão entender nada do que irão ler a seguir...outras sentirão de olhos fechados.
Mas a mim só me interessa que sejas tu a ler.
Apareceste na viragem da minha vida e em tantos outros episódios a seguir. Viste os meus cortes de cabelo, os meus pijamas parvos, a minha panca pelas cápsulas de café do Continente, o meu fascínio por malas da Cavalinho que em nada se modernizaram ou adequavam aos tempos actuais, mas era eu, eu era assim e sei que tens saudades disso. Sei mesmo. Nunca penses que não tenho a noção...aliás, aprendi que a amizade ou o carinho por alguém nunca são superiores à falta que sentimos. A falta, as saudades, são sempre superiores.
E eu também as sinto e muito.
Não precisei de estar fechada para me sentir isolada do mundo. Podemos sentir-nos assim mesmo rodeados de gente. E de barulho. E de coisas. E de tudo. Podemos até estar cheios da nossa própria confusão diária, não ter tempo para sequer dormir! Podemos ter os amigos por perto, até. Podemos preencher os nossos dias com todos os compromissos que conseguirmos. Só para ocupar tempo. Para nos escusarmos a ver o que queremos esconder. Para disfarçarmos de nós próprios o que nos falta. Mas, no fim de um dia atribulado, aquilo que se nos ocorre é o vazio. Contigo nunca tive essa sensação, sei que podias amparar as minhas quedas. Sei que só o saber-te ali ao lado já me fazia respirar fundo.
Desculpa se não o fiz, se soou a um "virar costas" ingrato. Mas, arriscando dar-te a mais parva das desculpas...eu não quis que soubesses o meu estado, porque sei que ferverias por dentro. Claro que as amigas são para isso mesmo, lógico! Mas para mim, eras e és família. Sempre foste. Ocultar-te ou omitir o que quer que fosse em prol de não fazer barulho à volta das coisas, em prol de eu ter mais um tempo de silêncio interior, era só o que precisava.
Assististe a conquistas pequenas, a desilusões grandes mas silenciosas, a mudanças boas e significativas. Vibraste. Riste-te. Emocionaste-te. Estivemos sempre lado a lado.
Obriguei-te a dizeres-me adeus quando se calhar podia ter-me deixado dormir no teu abraço e esperado mais uns tempos.
Tenho a imagem desse dia tão gravada em mim, como o som que esse espanta-espíritos deve fazer. E ele, foi até hoje, a prova de nunca nos termos despedido de verdade. A prova em que se calhar, de uma forma ou de outra, continuo sentada nas escadas da varanda ou a responder-te aos gritos "Já voooooou!".
Sei que sabes que tinha de fazer esta escolha e sei que por outros motivos me queres dar umas quantas chapadas, para meu bem. Já as senti e já as tinha aceite mesmo antes de abrires a boca. Temos isso em comum. Topamos as coisas à distância! Vemos com o coração.
Nunca penses que me fui embora. Nunca penses que ando propositadamente ligada à corrente. Nem tudo o que parece, é. Mas...como se diz em Teatro, "the show must go on", sabe Deus como. Deus e eu.
E eu, Vânia, me confesso, que nesta fase que ambas sabemos, cheguei a tomar banho mais do que três vezes por dia, por não ter mais que fazer e para o tempo deste lado passar depressa. Senti tantas vezes que corri pela vida e que a vida tinha corrido sem mim, sem esperar.
E perguntas tu "Porque não me ligaste?? És mesmo parva!" - eu sei. Mas cada um se defende da dor e protege os seus como consegue e nem sempre se fazem boas escolhas. Faz parte.

Por isso, continua tudo a valer a pena porque há pessoas em mim que não abdico, nunca abdicarei. Obrigada pela amiga e pessoa que sempre foste, por eu nem precisar de falar.
Disseste hoje que não me saberias perder...e sabes porquê? Porque sempre me salvaste!!!


Nickles***

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Amo o Teatro quando...

...não há razões. Quando não há explicações. Quando nem se sabe exactamente o porquê. Quando não é lógico, nem acertado. Quando não é racional, nem pensado.
Quando é e pronto. Sem vastas explicações ou razões complicadas. Quando é intuído. Quando sem saber, sabe-se. Quando se quer. Quando se quer ainda mais um pouco. Quando o muito nunca chega. Quando do pouco se aproveita muito.
Quando sei o que sempre quis.
Quis-te ontem. Quero-te hoje. Amanhã continuarei a querer-te exactamente da mesma forma. Quero-te na ansiedade dos dias. Quero-te na urgência de te ter. Ou quero-me aí. A rir, a chorar, a deixar sair tudo.


E assim continua o teatro para mim. A acertar-me em cheio no coração!

terça-feira, 21 de outubro de 2014

N.S.C.F.

Venham os dias de chuva. O calor fora de época e a roupa de meia estação que nunca acaba por ser guardada. Venham os maus humorados, os que têm a mania e os narizes empinados. Venha a Guerra Mundial em Cuecas mas por favor...os fulanos ou fulanas que tiraram a Carta de Condução nas Farinhas Amparo ou num Workshop da Nestlé, FIQUEM EM CASA!!!!
Já não há pachorra para os fofinhos todos que acham que podem adoptar faixas das rotundas, sem saberem bem para onde vão. Alguns nem percebem que as rotundas são circulares e que há todo um rol de oportunidades para voltarem a passar no mesmo sítio, caso se enganem ou (aleluia!) se lembrem para onde vão. Conduzir em Lisboa já é o caos...mergulhar nas rotundas gigantes também. Por isso, colaborem comigo por favor!!!

O que eu rezo à N.S.C.F. (Nossa Sra. das Chapadas nas Fuças) para não meter nada para dentro àqueles que continuam a fazer as rotundas por fora...

E claro, hoje só podia ser Terça-Feira!!

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Ai "Bâania Filiiipaaaaaa"!

Desde que escolhi estudar Teatro, que prometi a mim mesma, deixar-me partilhar as sensações que esta experiência me vai provocando e é nesta Sala que o pretendo fazer.
Ontem foi dia de mais uma aula! Chovia a potes, quase que tive de ir de barco para a Baixa de Lisboa, mas pelos vistos a água evaporou-se quando soube que eu estava a caminho. Na realidade, até podiam cair calhaus e o Casal Ventoso em blocos que ninguém me faria faltar ao melhor momento da semana. E lá fui toda lampeira, a achar que ia dominar tudo e ia ser uma risota pegada. O tanas é que foi...
Estava já quase terminada a aula, quando a professora (façam uma breve pesquisa pela actriz Carolina Abrantes - sim aCtriz com C porque mandei o acordo ortográfico ver onde Judas mete as cuecas - e verão o rosto responsável por esta minha nova experiência!) nos fala de um novo exercício, de improviso. A sala foi dividida entre palco e plateia e o palco em duas metades, ode estaria uma pessoa de cada lado.
Cada pessoa teria de disputar a atenção do público, fazendo de improviso o que bem entendesse durante um tempo indeterminado. Uma espécie de Stand Up Comedy em versão Feira da Ladra onde tudo se pode vender.
E foi nessa altura que fiquei da cor de um tomate, aflita e sem saber o que fazer.
Só pensava "Onde é que eu me vim meter...ai Bânia Filipaaaaaaaa, pensavas que isto era canja laranja? Embrulha!"
Senti uma estranha timidez a apoderar-se de mim, uma vergonha a querer cavar um buraco no chão e um medo a fazer-me ganhar asas para voar dali para fora. E eis que ouço a professora dizer "Se sentirem medo, avancem!" e eu pliiiim...qual mola no rabo, qual quê! Lancei-me para lá para o meio, a pensar que estava louca.
Pensam vocês: o que é que ela fez? Será que contou anedotas? Puxou os cabelos? Fez um strip? (vá, menos...sou uma pessoa decente ok?). Nada disso.
Simplesmente não abri a boca: fiz uma mímica. Todos tentavam perceber os meus gestos e a história que eu estava a contar e...isso fez com que naquele duelo ninguém ganhasse, o público não soube escolher quem captou mais a atenção.
No fim, vim corada até casa mas com a sensação inigualável de dever cumprido!!!

Vencer o medo é um passo gigante para a outra margem. O outro lado de nós.





quarta-feira, 8 de outubro de 2014

O meu primeiro amor

Nunca descobri verdadeiramente o que era sentir uma paixão a correr nas veias. Não falo de amor, ou talvez fale sim...amor pelo que se faz, pelo que queremos ser, pelo papel que queremos assumir na vida.
Nunca defini ou nunca soube porquê que o Teatro me fazia borboletas na barriga.
Não me lembro da primeira vez que experimentei não ser eu, perante uma plateia, na escola.
Não sei sequer qual a primeira peça que vi. Mas lembro-me de muitas, lembro-me de sentir nas minhas palmas a vontade de estar do outro lado, a usufruir da esquizofrenia das personagens. Lembro-me que desejei sempre virar-me do avesso, provocar o riso ou o choro de uma cena bem feita...puxar pelas vidas dos outros, usando a minha de forma visceral.

Sempre soube que era isto que queria, mesmo que goste da profissão que tenho, mesmo que haja amor no que faço.
Sempre soube que se eu perdesse o Teatro de vista, ele virava o Mundo para me encontrar.

E aos 32 anos, no dia 6 de Outubro, encontrei-me com ele e com ele estarei até não poder mais. Desisti de desistir do que sempre quis e permite-me sentir as tais borboletas na barriga, a beijar em segredo o meu primeiro amor: o Teatro.


E aqui está o meu novo Projecto: decidi estudar Teatro, á noite. Decidi levar uma injecção de sangue novo, e perceber o que andei a fazer o resto da minha vida.
Decidi viver o meu primeiro amor.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Há momentos assim.

Num dos episódios da minha vida de educadora:

M.- "Vânia, eu sei o que são saudades...é quando os meus amigos estão longe e dói o coração"
Eu- "Quando sentes saudades minhas também te dói o coração?"
M.- "Não, dói-me o corpo todo..."

E já nada me estragou o dia.