Tenho uma luta constante entre o coração e a cabeça. Mentira...o coração ganha sempre. E se está predestinado a ganhar, talvez não seja uma luta. É mais uma afirmação ou uma teimosia a fazer frente a todos os pedacinhos racionais que possam habitar em mim.
Ensinaram-me que não há nada mais forte que a intuição, aquela primeira voz que nos atormenta, sossega ou nos empurra para a frente. De todas as vezes que não a segui, de todas as vezes que tentei dar uma de crescida, metódica, racional...de todas essas vezes, me arrependi. Sim, porque aquela história que fica bem contar, do género "Eu só me arrependo do que não fiz" é mais do que um mito. É tanga mesmo. Toda a gente se arrepende de alguma coisa. E eu faria muita coisa diferente. Daria sempre a taça ao coração, fazia festas à razão e moderava as expectativas.
Expectativas. Sempre as mesmas putas que toldam tudo à volta. Que aparecem nos Nãos, nos Sins, nos Talvez, nos Vamos ver.
Se eu as soubesse controlar, seria tão mais fácil. Tão mais seguro. Tão melhor.
Não me lembro que idade tinha quando nada me fazia acreditar que eu era capaz de andar de bicicleta. Enganei-me tanto. Fui capaz e ainda hoje, mesmo que taralhoca, lá me aguento.
Na escola, achava que se fosse sempre certinha e atenta, conseguiria o que queria. Tinha um plano, um caminho desenhado na minha cabeça. Saiu tudo furado. Perdeu-se uma jornalista, ganhou-se uma educadora.
Achava que o primeiro amor seria também o último...voltei a enganar-me. Há tanto para além disso!
Sempre achei que o casamento era para toda a vida. Nem sempre. E afinal, o mundo continua e avança.
Tinha a certeza absoluta que era dona e senhora do meu nariz, autosuficente, que ninguém me tiraria o tapete. Caí nesse mesmo tapete.
Cheguei a pensar que conseguia controlar as dúvidas, as certezas e a capacidade de gostar de alguém. Errei, de forma doce. Falhei redondamente e ainda bem.
Sempre achei que o dizer tinha mais ou tanta importância como o fazer. Hoje sei que não.
Rotulei muita coisa de "provisório" e ainda cá estou.
Achei que conseguia aceitar tudo com alguma leveza, relativizar a ingratidão ou aquelas palavras injustas. Exactamente o oposto.
Ainda acredito num lado bom até na pior das pessoas, mas acho que só com duas chapadas a mim própria pensarei de outra maneira.
Sempre achei que ia ter uma casa com um sótão, um escritório e uma lareira. Nunca tive nenhum dos três. E isso até me faz rir.
Nunca elaborei segundos planos. Tive sempre a dura convicção que concretizava tudo à primeira. Hoje em dia sei o que é o plano B de "bora". O plano C de "caramba, outra vez?", o plano D "Depois vê-se..." e o plano E de "Enfim...faz de outra maneira".
Há sempre um plano dentro do plano.
Assim como há sempre um Nós dentro dos nós que achamos que nunca nos vão atar.
E esse Nunca...não existe. NUNCA existirá.
quarta-feira, 20 de maio de 2015
quarta-feira, 13 de maio de 2015
Carta aberta à Asma.
Sei que não te conheci num café ou num encontro de amigos. Lembro-me bem que não te convidei sequer para entrares na minha vida.
Por simpatia, demorei tempo demais a fechar-te a porta e por teimosia, achei que te convenceria a partir. Ainda hoje sou crédula em tanta coisa!
Há 6 anos tivemos um encontro imediato, numa Sala de espera de um Hospital em que tive tempo para fazer todas as perguntas que queria. Dizem que és Crónica. Pois bem, eu sou Crónica e meia porque tenho um dom especial para bater sempre na mesma tecla. Continuo crédula, crente demais para me convencer que não te consigo dar a volta.
Já alguma vez te disse tudo o que me foste tirando e dando em proporções tão ingratas? Hoje tenho lata suficiente para te dizer que nunca gostei de ti. Tu tens, ao longo dos anos, tido mais apreço por mim. Atreves-te a ir comigo para o trabalho, a mexer com os meus movimentos. E dormes tantas vezes comigo. Fecho tudo, fecho até o coração mas tu não me abandonas. Já te pedi quase sufocada, já te pedi a chorar, já te pedi em voz alta e enquanto sonhava: por favor, desiste de mim. Como desististe naquela noite em Janeiro, que só tu e eu sabemos, que nem por ser 5h da manhã te foste embora. Lembras-te quando me sentei no chão, sem força para mais nada? Como te tentei combater com a dita da bomba e tu foste mais forte? Venceste-me pelo cansaço e eu adormeci em cima de ti. Deixaste-me ali, exausta e recuperar sabe-se lá o quê.
Só quem te tem ou quem te viu já, sabe a luta que é.
Hoje estou estável e torço todos os dias para que não te lembres que algum dia te deixei entrar. Se voltares, tens uma chá de gengibre em cima da mesa, daqueles que picam mas que te mantém entretida a uns metros daqui.
Não penses que estou sozinha. Tenho toda uma brigada a combater ao meu lado. Sabes porquê?
Não, não sabes nem nunca irás saber. Como sei que te estás a cagar para todas as vezes que senti o coração a saltar pela boca, a tosse a puxar-me as lágrimas e de todas as vezes que parei o carro por tua causa. De todas as vezes que disfarcei estar mal para não se assustarem, de todas as gargalhadas deixadas a meio e de todas as vezes que miúdos de quatro anos me perguntaram se me doía o peito.
Minha querida Asma, o Mundo é redondo. Gira. E eu sei que te voltarei a ver. Aí, tem cuidado comigo.
Porque nada pára uma grande decisão. E eu decidi ser feliz.
Por simpatia, demorei tempo demais a fechar-te a porta e por teimosia, achei que te convenceria a partir. Ainda hoje sou crédula em tanta coisa!
Há 6 anos tivemos um encontro imediato, numa Sala de espera de um Hospital em que tive tempo para fazer todas as perguntas que queria. Dizem que és Crónica. Pois bem, eu sou Crónica e meia porque tenho um dom especial para bater sempre na mesma tecla. Continuo crédula, crente demais para me convencer que não te consigo dar a volta.
Já alguma vez te disse tudo o que me foste tirando e dando em proporções tão ingratas? Hoje tenho lata suficiente para te dizer que nunca gostei de ti. Tu tens, ao longo dos anos, tido mais apreço por mim. Atreves-te a ir comigo para o trabalho, a mexer com os meus movimentos. E dormes tantas vezes comigo. Fecho tudo, fecho até o coração mas tu não me abandonas. Já te pedi quase sufocada, já te pedi a chorar, já te pedi em voz alta e enquanto sonhava: por favor, desiste de mim. Como desististe naquela noite em Janeiro, que só tu e eu sabemos, que nem por ser 5h da manhã te foste embora. Lembras-te quando me sentei no chão, sem força para mais nada? Como te tentei combater com a dita da bomba e tu foste mais forte? Venceste-me pelo cansaço e eu adormeci em cima de ti. Deixaste-me ali, exausta e recuperar sabe-se lá o quê.
Só quem te tem ou quem te viu já, sabe a luta que é.
Hoje estou estável e torço todos os dias para que não te lembres que algum dia te deixei entrar. Se voltares, tens uma chá de gengibre em cima da mesa, daqueles que picam mas que te mantém entretida a uns metros daqui.
Não penses que estou sozinha. Tenho toda uma brigada a combater ao meu lado. Sabes porquê?
Não, não sabes nem nunca irás saber. Como sei que te estás a cagar para todas as vezes que senti o coração a saltar pela boca, a tosse a puxar-me as lágrimas e de todas as vezes que parei o carro por tua causa. De todas as vezes que disfarcei estar mal para não se assustarem, de todas as gargalhadas deixadas a meio e de todas as vezes que miúdos de quatro anos me perguntaram se me doía o peito.
Minha querida Asma, o Mundo é redondo. Gira. E eu sei que te voltarei a ver. Aí, tem cuidado comigo.
Porque nada pára uma grande decisão. E eu decidi ser feliz.
Subscrever:
Mensagens (Atom)