Valores Intocáveis

Ontem vi um dos filmes catalogados neste preciso minuto, como um dos filmes da minha vida: "Untouchables". Porque mostra com que bases deveriam ser feitas todas as relações, no tratamento de igual para igual, do mesmo tratamento saudável do qual nascem as melhores gargalhadas, os melhores momentos. Ser-se genuíno hoje em dia é estar exposto a uma série de opiniões e frases gratuitas...mas se virmos isso na TV ou no cinema, ninguém se importa e até acham bonito. E que tal sermos pessoas improváveis na vida real?
Amanhã vou fazer uma viagem, vou até casa. Ao Porto.
Tenho lá os meus pais, resto da família, os meus amigos. A minha avó :)
A minha avó criou-me desde muito pequenina, obrigava-me a fazer as sestas depois do almoço, que eu odiava mas fazia um bife com batatas fritas irresistível. É a ela que saio chorona, mas chorona mesmo, das que não tem remédio possível.
Esta senhora tem hoje Alzheimer...uma das doenças mais injustas que existem. O mundo vai ficando torcido, as caras vão desaparecendo, as memórias vão ficando cada vez mais antigas. A cabeça pára 30 anos antes...mas o amor fica intocável.
Vale a pena contradizer? Vale a pena corrigir ou dar raspanetes quando se parecem com crianças de 5anos? Acho que não. Por isso faço-a rir, brinco com ela num tempo em que nem eu era nascida e nem a Troika cá estava. Deixo-a falar dos amigos invisíveis que diz que vê, do meu avô que "está quase a chegar" mas que morreu há quase um ano. Deixo-a pensar que sim, que está a chegar...e muitas vezes peço para dizer ao meu avô que lhe mando um beijinho.
Se a vida nos dá um bolo todo baralhado, porquê passar por ela sem o provar? Importante mesmo, é rir e ter qualidade de vida. Sem pena, sem olhar de lado.
Esta imagem de hoje, espelha tudo aquilo que deveríamos dar a quem gostamos, sem ter medo de ousar ou sair da normalidade. Porque aquilo que nos é devolvido, nunca é quantificável :)