segunda-feira, 15 de julho de 2013

Ossos do Ofício

Sou daquelas pessoas que acredita piamente que as opções que vamos tomando na vida, têm mais cedo ou mais tarde, uma influência directa no estilo e na forma de estar no dia a dia.
O meu marido tem uma profissão que tem tudo a ver com o facto de ser poupado e gerir tudo muito bem. É o homem das contas e reclama todos os cêntimos que lhe levam a mais, que ninguém se arme em parvo, que ele consegue mesmo o que quer e defender os seus direitos até ao fim.
Eu como sempre fui má em contas, sou o oposto, não sou de reclamar e sou toda paz e amor.
Mas também eu sou influenciada e bem, pela minha profissão: é tudo muito fofinho e tal, mas nunca dei conta de ter algum relógio biológico dentro de mim. Sinto que o meu lado maternal está, para já, bem preenchido e não ser mãe ainda, tem sido a minha escolha.
São 8 anos a trabalhar 11 meses seguidos com crianças e isso meus caros, desgasta muito.
Bem sei que quando são nossos, sangue do nosso sangue, tudo é diferente mas...para já, não.
Claro que gosto do que faço e morro de paixão por todos os miúdos que passam por mim. Já tive tantos grupos e sei, ainda hoje, o dia de anos de cada um, sem excepção. São também minha família e sei que para eles também o sou.

Ontem tivemos a Festa Final de Ano, no teatro Gil Vicente em Cascais. Foram semanas e semanas de ensaios, com exigências e ralhetes. E eles têm só 2/3 anos, mas gosto de os ensinar que sem esforço,nada se faz.
Eu estava nervosa, eles estavam nervosos mas correu tudo bem e foram uns "crescidos", como costumo dizer.
Ontem, segundos antes de entrarmos em palco, disse-lhes quase em sobressalto: "ouçam, ouçam, a Vânia tem uma coisa muito importante para vos dizer: Gosto muito, muito de vocês".
E aí, fui eu que fiz um esforço para não chorar.
Eles não responderam, ficaram sérios a olhar para mim (certamente à espera que eu dissesse outra coisa qualquer) e alguns sorriram, como quem percebeu a mensagem.

Todos, se pensarmos bem, sofremos com as dores dos "ossos do ofício" e somos muito, aquilo que fazemos.
Não falo só das profissões, falo de posturas e acções :) olhem, rimei!
Bom início de semana***

12 comentários:

  1. Amei o teu post :)
    Pena a Luana não ter tido assim uma educadora tão profissional e carinhosa.
    Beijinhos com muito carinho meus e da Lu
    Uma excelente semana

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  2. Acredito que todas as pessoas que escolhem a tua profissão são excelente pessoas e tem um coração maior do que este Mundo :)

    Beijinhos e sê feliz*

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  3. Foi inevitável o meu pensamento "olha a minha princesa poderia estar na tua salinha!" :) Felizmente dos dois colégios que já teve, não por mudanças por maus motivos, mas por mudanças de vida dos pais como sabes!;) lol A minha filha sempre teve pessoas mega profissionais e com as quais mesmo longe, hoje ainda falo!:) Os pais educam sem dúvida, defendo isso ao máximo, mas vocês têm um papel super importante na formação destes seres humanos em descoberta do mundo!:) E hoje depois da experiência que a vida me deu / dá, posso dizer que admiro a tua profissão ao máximo! ;) E olha quando o teu relógio biológico tiver de tocar, tocará!;)
    Beijocas e boa semana!!!:)

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  4. Concordo. Por mais que não queiramos levar o trabalho para casa nunca conseguimos fazer isso a 100% porque nós somos aquilo que fazemos no dia-a-dia. O nosso trabalho está dentro de nós. :)
    beijinho

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  5. Não podia estar mais de acordo contigo. Se todos trabalhassemos apenas e só por vocação, além de 10 vezes mais produtivos seriamos pessoas bem mais felizes. Infelizmente sabemos que não é assim...
    Se estamos a falar de crianças, acho mesmo que os profissionais deviam ser melhor "peneirados"...porque se encontra muito mau profissional por aí...


    jinhossss e parabéns querida, fossem todos assim como tu e as nossas crianças de hoje seriam adultos mais bem formados amanhã:)

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  6. Tão queridinhos!!! Têm sorte em ter uma educadora como tu ;)
    Beijinhos

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