domingo, 28 de setembro de 2014

Nos dias de hoje.

Nos dias de hoje, já quase não se causam arrepios a ninguém.
Por uma surpresa, por um beijo ao ouvido, por aquela música antiga. Hoje em dia, pensa-se duas vezes antes de alguém se declarar culpado por uma paixão ou vítima de um romance.
Nos dias que correm, já não se lida bem com o esforço do outro, já rotulamos tudo de desnecessário, já ninguém se dá ao trabalho de atravessar a cidade em hora de ponta, para entregar o melhor chocolate de sempre.
Em pleno século XXI, raros são os casos de gestos gratuitos, só porque sim e mais nada.
Gostarmos de uma limonada doce, colocá-la no oposto ao nosso paladar, só porque o outro gosta da bebida mais ácida. Já ninguém se incomoda em tapar o outro a meio da noite, em tirar o próprio casaco numa noite fria. Já não se usa...e que triste que é.
Hoje em dia é mais normal relativizar-se tudo, porque dá jeito, porque é mais prático, porque as mudanças assustam e dão trabalho.
Porque gostar é um fardo pesado. Porque cativar e criar laços são responsabilidades quase impensáveis nos dias de hoje...e que pena isso me dá.
Nos dias de hoje, já quase não se vêem ramos de flores escondidos atrás das costas. Porque é lamechas, fica caro e dura pouco. Já não interessa se vão gostar, têm de gostar só do que é aceitável oferecer.
Hoje em dia, raras são as vezes em que nos surpreendem com uma vista sobre a cidade, no preciso instante em que anoitece. Porque vai ser difícil estacionar, porque ninguém quer andar a pé e porque a cidade não foge e pode ser noutro dia qualquer...talvez o de São Nunca à tardinha.

Hoje em dia já ninguém arrisca, já só se fazem contratos. Porque a vida está difícil, porque não se sabe o dia de amanhã e o diabo a sete.
Hoje em dia parece que ninguém ama gratuitamente, ninguém se envolve sem planear, ninguém gosta do imprevisível.

Pois eu gosto, eu não planeio e se sentir, sinto. Podem falar de mim por ser desajustada, lírica ou diferente. Eu falarei dos outros, por serem todos iguais...nos dias de hoje.


9 comentários:

  1. Eu acho que fazes muito bem em ser assim :) e concordo com tudo o que disseste ultimamente também tenho pensado nisso, as pessoas já não fazem nada que não seja o previsível isso também eu não gosto.E sim eu preocupo-me em por por exemplo o meu André à minha frente no que diz respeito a coisas que se dizem normais como por exemplo tapá-lo a meio da noite, escolher algo que não me agrada tanto só porque sei que ele gosta e o engraçado é que ele faz por mim isso por exemplo das flores, de passear pela cidade só porque sim. Isso é que nos faz viver e sentir o que o amor é. É muito mais do que por nós próprios. Beijinhos*

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    1. E as saudades que eu tenho tuas, nos dias de hoje?
      Se juntar tudo, dão a volta ao mundo!!!

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  3. É fácil amar, difícil é cultivar o amor! Apesar de ser uma frase feita, é o que define o estado das coisas que não acontecem. Amar, pode até ser em silêncio, mas as provas de amor têm que ser um grito de alegria e felicidade com a vida, com os outros e para os outros! Bjs

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  4. Para reforçar tudo o que dizes tão bem dito: MorMeu fez 50 anos. No dia de aniversário dele cheguei mais cedo a casa sem ele contar, no colo trazia 50 rosas cor de chá (cor favorita)para lhe entregar.
    "São para mim?!?!"
    "São, 50 só para ti, porque diabo só os homens oferecem rosas às mulheres?"
    "És doida, mas são tão lindas, obrigada minha gata, gostei muito!"
    "Obrigada eu:) MorMeu!"

    Sou adepta fervorosa do "Porque sim!"

    jinhooooosssssss

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    1. E esse "porque sim" sabe tão bem!
      Adoro o facto de ele te chamar gata ;)

      Parabéns por esse amor***

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