domingo, 23 de setembro de 2012

The Help


Este foi o serão de ontem...e que serão!
Quando comecei a ver o filme, achei que não ia aguentar 5 minutos, estava cheia de sono e mais para lá do que para cá. Mas eis que cada minuto borbulhou em mim até ao fim, com um efeito Cleanex de encher o sofá de pequenos lenços amassados. Choro sim, sempre chorei com tudo o que me emociona. Choro à séria, mesmo, "como se tivesse morrido alguém" como diz o Pedro.
Desta vez foi especial...
O filme é um retrato sobre uma jovem mulher caucasiana, Eugenia “Skeeter” Phelan, e o seu relacionamento com duas empregadas negras durante a era americana dos Direitos civis no idos de 1960. Skeeter é uma jornalista que decide escrever um livro da perspectiva das empregadas (conhecido como The Help), mostrando o racismo que elas enfrentam quando estão trabalhando para famílias de brancos. Mas Racismo mesmo....atitudes intragáveis que não lembram a ninguém: as empregadas negras não podiam tocar na comida dos patrões, para não contaminarem, não podiam usar a casa de banho deles (usavam uma construída cá fora de propósito, como se faz com os cães), no cinema ou no Teatro existia uma porta só para as pessoas negras, longe das filas dos brancos. Ridículo. Até porque se fosse na Amadora ou na Rinchoa, as filas entupiam com tanto trânsito e a fila dos brancos seria melhor que a VIA VERDE.

Nessa época, os KKK actuavam em força e para mim, foi dos episódios mais "negros" (literalmente) da história racial. Não entendo,não concordo, não aceito e nunca aceitarei.Seja em que profissão for. Ser "doméstica" tem muito que se lhe diga e quem me dera fazer tão bem as tarefas como essas empregadas faziam.

Minha avó só tem a 1ª classe, porque naquele tempo todos tinham de ir trabalhar para ajudar em casa. Foi "servir" para uma casa ainda antes dos 10 anos...tomou conta de muitas crianças e foi muito mal tratada pelas patroas. Uma delas até lhe espetou um garfo na mão, só porque a minha avó adormeceu junto com um bebé, ao tentar que ele dormisse também. Ridículo não é? Imaginem se naquele tempo isso acontecesse com alguém negro? Possivelmente o garfo teria sido mortal.
E que temos nós assim de tão diferente deles? A estupidez, talvez. Não entendo,não concordo, não aceito e nunca aceitarei.

A 1ª criança que me veio parar às maõs quando comecei a trabalhar, era negra. Tinha 8 meses e chamava-se Andrea (sem 'i'). Era arisca, teimosa, irrequieta, mordia em todos os amiguinhos. Mas eu era louca por ela. Foi comigo que aprendeu a andar e a falar e foi a primeira vez que alguém me tinha chamado "mãe". Hoje deve ter 8 ou 9 anos e nem sei o que é feito dela. Tinha a pele escura, das mais escuras que eu vi.
Mas tinha o coração bem brilhante.

Ontem lembrei-me tanto dela e desejei que nunca apanhasse ninguém de alma escura pela frente.
Esses sim, são diferentes. E o que eu continuo louca por ela... :)

4 comentários:

  1. Depois desse comentário, pensei: Vou ver o filme!
    Assim penso: não aceito, nunca aceitarei, não compreendo e não respeito pesssoas racistas!
    Tenho dito :)

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  2. Adoro a tua sensibilidade e além de gostar de ti também sou fã do cor de rosa. Estas são razões mais que suficientes para aqui estar a partilhar esta tua escrita de De Ti, para o mundo. Do mundo, para a vida...

    E não te esqueças...
    Quando uma brisa leve tocar o teu rosto não te assustes: é apenas a minha saudade que leva um beijo meu em silêncio...

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  3. Olá minha querida :) Já vi que finalmente conseguiste escrever aqui!!!

    Obrigada pelo carinho, sou tua fã :)))) beijinho**

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  4. O racismo também é uma coisa que, tsl como tu, não compreendo, não aceito e não quero nem aceitar nem compreender. É isso e a mentalidade skinhead de extrema direita e de apoio a ditaduras, como se uns cidadãos fossem superiores aos outros.

    Beijinho

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