E viva o Teatro!

Gosto de Teatro desde que me lembro de ser gente. Gosto há mais tempo, do que aquele que aprendi a gostar de mim mesma. Fiz peças na escola, escrevi um poema que foi dramatizado, fiz muitas Horas do Conto e por um triz, uma distância mínima, não me inscrevi na Escola Superior de Teatro do Porto. Naquele ano, não abriram turma pelo número insuficiente de alunos e a minha vontade foi guardada na gaveta. O mundo ganhou uma Educadora e uma eterna apaixonada pelo palco...há tanta gente que agora ao ler, vai pensar "A sério? Não fazia ideia!". Verdade verdadinha!!!

Resta-me aplaudir quem me faz bem e enriquece este país com arte e palavras soltas, riso e lágrimas fáceis. Ontem foi dia de Teatro! Há muito tempo que queria ver esta peça, mas nunca a considerei barata e fui adiando. E eis que me oferecem o bilhete como prenda de Natal e lá vou eu toda pipi para o Casino.

Os actores não precisam de apresentações e embora não os ache super mega maravilhosos, conseguem dinamizar todos os textos que pegam e captar atenções. A sala estava cheia e pelo que sei, tem estado sempre! O espectáculo durou duas horas e vale mesmo a pena.
A peça conta a história de duas senhoras que vivem os seus últimos dias num lar apenas para séniores de qualidade, denominado "Antúrios Dourados", mas apenas por opção. Depois de ter vagado o quarto mais luxuoso do lar, que inclui até um elevador privado, Estela (Monchique) e Lurdes (Rueff) conseguem ficar com o quarto, cobiçado por todos os moradores, e verem-se assim livres dos filhos e outras preocupações. Assim, Estela, uma antiga "vedette" do teatro Português, e Lurdes, uma retornada, levam-nos consigo num turbilhão de aventuras e recordações, sendo que a par do riso os espectadores têm ainda a oportunidade de relembrar um pouco da nossa história, desde a ditadura, passando pela revolução dos cravos até aos dias de hoje.

Tem expressões engraçadas e todo o guarda roupa e cenário nos remetem para um verdadeiro lar da 3ª idade. E eu sei lá se um dia não irei parar a um, com todos os queixumes típicos de uma fase onde só nos resta queixar...de nada.
A peça está em cena até dia 3 de Fevereiro no Auditório dos Oceanos, Casino de Lisboa.
Se puderem, vejam!