quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Ode...aos Românticos.

Românticos. Essa espécie cada vez mais rara. Cada vez mais olhada de lado.
Hoje vim confessar-me em voz alta. Padeço dessa doença secular, incurável, gratuita e despachada. Gratuita porque não abasteço farmácias, desenrascada porque não atrapalho nas salas de espera de um qualquer consultório nem perco tempo com o que não tenho. Vou atrás. Viro o mundo ao contrário e em nome próprio.
Muita gente acha que ser romântico é ser exigente. Nada disso.
Hoje vim defender todos os piegas e lamechas como eu, que lambem feridas sozinhos e que são constantemente motivo de risinhos por acharmos que um dia...o nosso dia chegará. E se chegar? Em que é que isso pode parecer ridículo?
Ridículo é a descrença dos tempos. É não ver luz nenhuma em lado nenhum. É o comodismo, o morno e o assim-assim. É um "podia estar ali, mas estou mais quentinho aqui".
Nós, os Românticos, somos tudo menos exigentes. Somos tão chonés (já vos disse que adoro esta palavra?) que qualquer coisa nos faz colar o coração ás costas. Basta a primeira palavra doce no início de uma frase e pronto...já fomos. Já o chão desaparece. Choramos com novelas que nunca vimos, filmes que ainda nem deram mas que vimos o trailer e isso basta, temos sempre a colecção da Renova em diferentes formatos de lenços, reparamos nos velhinhos de mão dada, achamos que aquela música é sempre para nós e sonhamos com videoclips. Dormimos quase sempre na posição pirosa da conchinha ou de barriga para baixo, abraçados à almofada (é isto, não é?).
Somos tão básicos que um jantar a dois no meio do chão ou dentro de um carro, pode superar um restaurante cinco estrelas.
E não somos parvos. Sabemos que a imagem do "felizes para sempre" e do príncipe que nos salva num cavalo branco, é uma agulha num palheiro numa variante raríssima da utopia do amor (agora compliquei...eu sei). Ou seja, sabemos que isso não vem. Se existissem, o homem da Telepizza não viria de mota. Get it?
Apenas acreditamos que essa mesma mota nos pode levar de impulso por estradas feitas por nós. Ou simplesmente a uma roulote de cachorros ás 4h da matina. E isto todos nós gostamos.
Os Românticos, nem quando sofrem chateiam. Adormecemos a chorar, bem sossegados. Ficamos bem amassadinhos por dentro, depois de uma noite a sonhar que cantamos o I Will Always Love You da Whitney Houston, com o Kevin Costner a ver. E na manhã seguinte, não aprendemos nada. Fazemos as pazes com a vida, isso sim.
Acreditamos apenas que o amor está onde tiver que estar.
E se demorar, esperamos. Se vier já a seguir, estaremos prontos. Se estiver atrasado, basta avisar, que aqui nos manteremos.
O amor também é uma coisa estranha. O amor forte raramente é fácil. Faz-nos muitas vezes dar voltas que nunca pensámos. Coloca-nos em caminhos que não achámos possíveis. Sinuosos e difíceis de percorrer. Faz-nos, muitas vezes, ter medo do que vem a seguir. Faz-nos pensar e questionar muito daquilo que tínhamos como adquirido. Faz-nos tomar decisões que não entendemos. E que, até, nem queremos.
O amor também é uma coisa estranha. Muitas vezes difícil. Rodeado de interrogações. De muros que não deixamos desconstruir. De bagagens de tempos passados, carregadas de falhanços acumulados.
O amor não tem de ser um drama. Não tem de doer. Não tem de fazer sofrer por antecipação. Não tem de ser nervoso. Não tem de ter todas as respostas do mundo. Tem de ser o querer decidido. Os Românticos acham que a paixão é urgente. O beijo ardente. O abraço carente.
O amor é hoje. Não vale cruzar os braços e aguardar que passe.
O amor é hoje. E não vale condenar o presente com medo de não saber de cor o futuro.

Nós, os Românticos, pensamos assim. E isso não me chateia nada.

18 comentários:

  1. E com um pouco daquele perfume que nos faz ir ao céu? :P

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    1. Os perfumes nunca passam ao lado dos lamechas como nós...os Românticos, reparam até nos cheiros do dia a dia como o café ou o cheiro a torradas. Fazem viajar até sítios que achávamos guardados :)

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    1. Há coisas que nunca mudam e tu já me conheces há tantos anos!!

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  3. Mesmo aqueles que nunca foram o expoente máximo do romantismo, não conseguem ficar indiderentes. Estas palavras aquecem o coração e dão força e ânimo, não para tornar o romantismo algo banal, mas sim algo com pujança e surpreendente a cada minuto que passa. De forma constante e verdadeiramente efusiva.

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  4. O romantico é um persistente, é um resistente, é um leitor dos silêncio, porque as palavras ficam àquem do que nos dizem os olhos, o corpo, o gesto do outro...
    O Amor? Sinto-o...mas ando há 20 anos a tentar descrevê-lo, percebê-lo e nenhuma explicação que encontro me sacia. Enquanto isso mergulho no ombro dele e enquanto ele me afaga os caracóis percebo que eu não quero explicações...quero esta magia:)

    jinhooooooooooosssssss

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    1. Bem...agora fiquei colada nas tuas palavras Suri. Obrigada pela partilha sempre especial, dessa doçura!
      Beijinhos***

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  5. Olá, sou a Sofia e confesso... Sou Romântica e muito muito lamechas! :P
    O como uma boa lamechas, não só as acções por parte de casal que me toca... Pode ser por parte de amigos, família, animais...
    Uma amiga passar por mim e dizer: "gosto de ti..." ADORO!
    E gosto de ser assim.

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    1. Essa tua introdução parecia de uma sessão dos A.A. ;)
      Sim, o romantismo está em muitos laços afectivos e enquanto te disserem Gosto de Ti e vice-versa, há algo em ti que nunca morre :)

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    2. A piada era essa...(AA)
      Gosto de ti, mas shiuuuuu, é segredo :)

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  6. Ser romântico é saber que para além de nós á outros a quem queremos dar e dedicar tudo... Como este mundo é tão egoísta e centrado em si próprio, o romantismo parece ter caído em desuso. Mas ainda há quem o valorize e não tenha vergonha de o mostrar. ;)

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  7. Não há nada que se compare a merendar às 4h da madrugada. :) E eu não sou (talvez me esforce por não ser) uma romântica.

    Beijos

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    1. Mas lá está...toda a gente gosta dessa mistura de aventura, maluqueira e fome! ;)
      Beijinho**

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