sexta-feira, 24 de julho de 2015

Último post.

Há três anos nasceste tu. Da minha vontade de escrever só porque sim. De partilhar dias banais, numa mente distraída como só os que me conhecem bem sabem. Foste a minha melhor "criação", se é que lhe posso chamar assim...porque no fundo, foste tu que criaste em mim, espaços nunca dantes vividos.
Dei-te um nome, dei-te um rosto com cor e dei-te a vida em pedaços. Contei-te o que me apaixonou, o que me irritou e o que me feriu. O que me fez rir. Deixei que me lessem aqui, em ti, planos que não tracei. Caminhos que não escolhi. Vidas que não tive. Contei-te abraços que começavam onde a solidão fugia. Levei-te de férias, a jantar e ao Teatro. Mostrei-te em palavras, o que faço com o amor, nos meus dias. Exorcizei medos. Desenhei mil e uma formas de começar do zero.
Aqui pensei em voz alta, sugeri e supus o que me vinha à cabeça.
Falei com a minha avó, com o meu pai e com quem me mostrou uma nova forma de vida. Usei-te para chegar a pessoas cujo nome real nem sei. Mas que quiseram sentar-se aqui. Eu deixei, porque nunca nenhum texto deve ser órfão. Todas as palavras nascem para alguém.
Foste a melhor Sala do apartamento em que se tornou a minha vida. Foste dia, foste noite. Foste o melhor impulso.
Em três anos, tanta coisa mudou. As palavras foram uma espécie de farol para encontrar o que realmente quis: eu mesma.
Houve alturas em que foste o meu melhor amigo e nas quais só nós sabemos as lágrimas que caíram no teclado. Nunca refilaste por isso e eu nunca te agradeci.

Hoje tenho de te dizer que sou tão mais feliz e mais completa por me teres deixado ver-te crescer e chegar a tanta gente. Obrigada por seres o Upgrade da melhor expectativa, por seres o melhor blogue do mundo para mim e por me permitires chegar ao dia de hoje.
Serei sempre "the girl next door" que adora café e troca os sapatos. Serei sempre a menina-mulher que se confessou aqui em dias de chuva e trovoada.

No teu terceiro aniversário, decidi embrulhar-te com a fita mais doce que tenho. Tornei-me mais eu, decidi passar mais tempo longe de teclados e usar as palavras para as dizer pessoalmente a quem quero.
Este é o meu último post aqui. Estou a fazer as malas para continuar a ser feliz e aproveitar o que aqui fui amealhando. E foi tanto, tanto! Mas a minha escrita, tornou-se intensa e demasiado pessoal para poder ser partilhada a qualquer altura.
Obrigada a quem aqui se riu e chorou comigo. Obrigada aos anónimos também, aos que me fazem grata por cada palavra que li. E aos anónimos menos simpáticos e até inconvenientes, cuja opinião podem embrulhar e enfiar num certo sítio. Para vocês, esta linha apenas, que é sem dúvida mais do que alguma vez terão de alguém, certamente.

Aos amigos que fiz e aos meus amigos de sempre, que são os meus melhores leitores...vêmo-nos por aí, noutra Sala. Com o abraço de sempre. Cor de rosa e silencioso :)






quinta-feira, 9 de julho de 2015

Bucket List

Todos nós temos metas. Sonhos. Dias para cumprir vontades. Desejos. Projectos.
Eu sabia e sei que tudo aquilo que borbulha em mim, vai estalar mais à frente. Basta eu ouvir, saber abraçar o meu próprio silêncio e decifrar aquela voz que todos nós temos, independentemente da cor, da religião ou estrato social. Nem todos temos as mesmas oportunidades e também é preciso o factor Sorte. Porque também faz parte.
Eu tive a sorte de me saber ouvir, de ter coragem de não me ignorar e de ter paciência para lidar com as minhas falhas.
Frequentar um curso de Teatro, virou-me do avesso: embrulhei-me e desembrulhei-me vezes sem conta. Contrariei o riso, o choro nos dias menos bons e percebi que a magia só acontece, se sairmos da zona de conforto.
Gosto de Teatro desde que me conheço por gente. Sabia que tinha de passar por ele, nem que fosse a ultima coisa que fizesse. Aos 32 anos, tive o prazer de integrar uma turma espectacular, com quem aprendi mais do que aquilo que consigo dizer. Dia 27 foi o Dia D. O dos medos, dos nervos, do suor em bica, de estar em palco. Só nós, o público e as palmas. Não o fiz sozinha. Nem em cena nem fora dela. Fui e sou uma privilegiada por ter conseguido absorver tanta coisa (e falta tanto ainda...) da professora que tive. Não poderia ter tido outra "mestra". Pela objectividade no discurso, pela organização de pensamento, pela exigência, mas acima de tudo, pela paixão de se fazer o que se gosta.
Tantas vezes me senti pequenina com os jogos e técnicas que fomos fazendo. Tantas vezes quis ficar quietinha, sentada, só a ver o que se passava à volta.
Mas nenhuma dessas vezes, nem uma só, me senti deslocada.
Hoje, a pessoa responsável por me dar a certeza que o Teatro me faz mesmo mais feliz, faz anos.
Ainda bem que cá andas!
Obrigada Carolina Abrantes, já risquei mais um item da minha Bucket List :)

E só por isso, serei eternamente grata!