sexta-feira, 28 de março de 2014

quarta-feira, 26 de março de 2014

Garatujar

Hoje foi um dia especial lá no trabalho: após semanas de ensaios, o meu grupo apresentou o primeiro teatro de fantoches (feito com colheres de pau). Sim, aqueles meninos que mal falavam quando lá chegaram, um deles tinha só 8 meses. Outros pouco mais que isso, ainda achavam que o sol tinha mil cores e que um sapato era só para trincar.
Agora já refilam, argumentam como se fossem donos da razão, calçam-se sozinhos, pedem para repetir ás refeições e até me corrigem quando meto o pé na argola.
Lá do alto dos seus quase 4 anos, riem-se quando tropeço ou faço dois totós para me parecer com algumas meninas.
Lá do alto dos seus 4 anos, tiveram de me ouvir em modo repeat durante um mês, com as mesmas falas e músicas, com as interrupções do que estava mal ensaiado e os nervos que todos estávamos.
Já todos sabíamos de cor a história do Teatro: "O monstro das festinhas", que tinha tanto de engraçado como de verdadeiro...no fundo, todos nós procuramos alguém que que nos faça saltar o coração :)


E o meu saltou. No início, durante e no fim, em diferentes estados. De repente, 567 sermões depois e 23145 ensaios repetitivos, ali estavam eles, do alto dos seus 4 anos, a provarem-me que sou uma chata e que sofro por antecipação. Já não era eu que os orientava, eram eles a mim!
Minutos antes, só lhes dizia "Eu e a F., gostamos muito de vocês e vai correr tudo bem!" - o ar deles de desconfiados e ao mesmo tempo de "Isso já sabemos nós...qual a novidade?", fez-me ver o tempo a voar.
Como voa tudo aquilo que gostamos e onde nos sentimos bem.
Ali, na Garatuja (nome do Colégio onde trabalho, que significa os primeiros rabiscos das crianças, quando percebem que podem usar algo para criar numa folha) tudo passa a voar. Pelas boas condições, pelas profissionais, pelas directrizes que seguem, pelo que passam ás crianças e pelo espaço em si.
Tenho muito gosto em fazer parte da equipa, onde amadureci e onde fui eu...sempre feliz.

Visitem o site e "garatujem" connosco - http://garatuja.pt

Até já silenciosos!

terça-feira, 18 de março de 2014

Pessoaliversidade

Acho que acabei de inventar a palavra mais parvinha e mais complicada dos últimos tempos: Pessoaliversidade.
No outro dia, enquanto fazia uma longa viagem de carro com amigos,a apreciar a luz infinita do pôr do sol e enquanto revivia muitos episódios de um fim de semana fabuloso e me recordava de outros tantos, com outros amigos, noutros lugares...vinha a pensar na diversidade de pessoas e personalidades que existem à nossa volta. As que conhecemos, as que nunca vimos, as que conhecemos de vista, as que nos são só familiares e aquelas que ansiamos que nos sejam apresentadas.
Pensava eu, na imensidão do nada e de um cansaço típico de quem gastou todos os cartuchos no fim de semana, na variedade de características e de diferenças de pessoa para pessoa.
As que não gostam de chuva. As que desejam morar numa sauna. As que fazem a cama antes de sair de casa. As que nunca a fazem por não valer a pena. As que preferem não sair de casa e não ter qualquer história para contar. As que não perdem um convite. As que se fazem convidadas. As que não têm como dizer NÃO. As que só bebem água fresca. As que acham que a água é para "meninos".
As complicadas. As demasiado simples. As teimosas que nem uma mula. As persistentes. As que preferem o dia à noite. As que vão ao Multibanco pagar as contas desta vida e da outra. As que têm o azar de apanhar sempre essas mesmas pessoas à frente.
As que fazem um constante zapping no rádio, que nem deixam acabar uma só música.
As que não gostam das Terças Feiras.
As que pensam nisto tudo numa viagem de carro, sem mais nem menos.

E as que reparam em coisas insólitas, como esta...


Bom resto de semana silenciosos***

quinta-feira, 13 de março de 2014

Expectativas.

Tenho tanto para dizer aqui, que confesso que nem sei por onde começar, sem me atrapalhar neste emaranhado de palavras.
Isto tudo porque para mim, são as expectativas que nos dão e nos tiram. São as expectativas da vida, que determinam as reacções, a forma como encaramos o que vem a seguir, o ritmo do coração, o optimismo ou os medos. Pelo menos no meu percurso.
Como já tinha escrito aqui, sempre quis ser jornalista e tracei cedo os meus planos...e foi um balde de água fria, depois de ter estado horas na fila de candidatura à faculdade, saber que não tinha entrado por poucos valores. O estaladão que levei foi tão grande que acho que ainda hoje me dói. E sei que durante anos, fez com que eu não me apaixonasse pela minha profissão. Havia um sabor azedo, uma frustração presa com cordas e bem abafadinha. Quando percebi que tinha de encarar esse desvio do meu sonho como uma espécie de missão com grandes propósitos, tudo clareou. Não ficou cor de rosa, mas ficou azul celeste. A expectativa baixa que eu tinha da minha futura "carreira" acabou por se revelar um verdadeiro presente: cruzei-me com pessoas fabulosas, tive momentos deliciosos, experimentei abraços de verdade, beijos que ficam. Enriqueci com todas as pessoas que conheci profissionalmente e que depois trouxe para a minha esfera pessoal, sei que as enriqueci também e isso sabe bem saber. Tudo porque não esperava nada, não tinha quase expectativa nenhuma.
Quando quis mudar de cidade, arrisquei ao despedir-me de onde estava e encharquei-me de optimismo. Arranjei trabalho depressa, fiquei eufórica e achei que ia para um lugar espectacular, que compensasse a nova etapa da minha vida. Tinha as expectativas mais altas que a torre Eiffel...e fui tão infeliz ali. Foram dois anos tristes como educadora e como pessoa. Teve coisas boas sim, as crianças e alguns pais e colegas com quem ainda hoje tenho contacto. Mas vi e ouvi coisas e situações que me fizeram querer sair dali, todos os dias. Tentei encarar os dias de forma leve, separar as emoções, mas nunca desisti de mudar de local de emprego. Quem me conhece, sabe que tenho um riso fácil, que vejo o copo sempre meio cheio e nunca meio vazio, que é preciso muito para atirar a toalha no chão. As minhas expectativas, mais umas vez, tinham saído furadas. Até que 40 e tal currículos depois...o telefone toca, no meu último dia de férias, em Agosto de 2011. Nesse dia, já me tinha sentido angustiada por pensar que ia regressar a um sítio que não desejava. Nessa mesma tarde, fui a uma entrevista, num Colégio cujo nome nunca tinha ouvido falar.
Começou logo mal, atrasei-me e entrei logo a pedir desculpa. Quando vi que havia montes de CV's em cima da mesa, pensei logo "já fui!" e encarava com tristeza e alguma naturalidade que, estando eu empregada noutro local, optassem por dar o lugar a alguém que estivesse desempregado. As minhas expectativas estavam no piso -3, bem baixinhas. Tão baixas, que toda a entrevista foi pautada pela máxima transparência da minha parte. Fui tão sincera e tão honesta, que na altura as pessoas que me entrevistaram ficaram sem pestanejar a olhar para mim. Quando me perguntaram "Porque quer mudar de emprego?", eu respondi isto tal e qual "Porque não sou feliz ali"...e por mais estranho que soasse, eu soube naquele momento, que aos olhos de quem estava à minha frente, eu tinha acabado de me definir enquanto pessoa. Mais à frente na mesma entrevista, quando me perguntaram "Tem a certeza que quer arriscar sair de um sítio onde ganha mais, prestes a efectivar, mais perto de casa?" eu respondi "Há coisas que o dinheiro não paga...".
Quando saí de casa e entreguei ao destino o resultado daquela entrevista, tinha uma sensação estranha em mim. Estava convencida que não me iam ligar, sem expectativas nenhumas, mas ao mesmo tempo uma sensação de dejá vu como se eu já lá estivesse estado.
E sim, fiquei com o lugar e ainda esperaram por mim (que desse tempo legal ao emprego onde estava). Fiquei tão pasmada com a escolha, que quando me informaram, liguei de volta a perguntar se era algum engano...sou tão ridícula! Foi o telefonema mais feliz que tive, o que me permitiu gostar do faço, sentir-me valorizada e uma privilegiada por fazer parte de uma equipa tão organizada. Tenho uma ligação emocional grande com aquele espaço, como se me salvassem de uma situação sufocante para mim. Ali sou mesmo eu, risonha e distraída, espontânea consoante os dias. Mas feliz. E isso, é uma gratidão que irei ter sempre. O outro lado das expectativas, o doce que vem depois do amargo, é das melhores sensações que existem.
Tal e qual o que senti há dois dias atrás, quando não esperava nada de novo no meu dia de anos. Talvez porque não gosto de números pares e 32 soava meio desconsolado para mim. Talvez por ser uma Terça Feira, que odeio. Talvez por não ter os meus pais cá em Lisboa, talvez por estar sem animação nenhuma. Achava que tinha tudo controlado, que era senhora do meu nariz e até comprei um voucher de um restaurante todo chiqui-bem para poder usufruir nesse mesmo dia, sem dar hipótese a aventuras e brincadeiras daquele pessoal que adora fazer surpresas de última hora. Mas fui tãaaaaao enganadinha. Fui tãaaao ingénua. Pensava eu que nada me surpreenderia...e de repente, quando estou a entrar na Pizzeria, há todo um mar de gente a cantar-me os parabéns.
E eu que não gosto de números pares, tive ali o momento mais ímpar de sempre! Há coisas que só o coração vê, e esse ficou a transbordar. Ri, chorei, percebi que quem gosta está sempre lá, que não temos certezas nenhumas e que só o amor nos consegue dar a volta.
Que as expectativas são uma montanha russa, que tiram mas que dão em dobro, se apostarmos com alma e com fé.
Nada nos garante que seja bom, mas se o coração conseguir ver para além do óbvio e dos dissabores que todos temos e que irão sempre aparecer, é porque o essencial ainda está por viver.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Os Maias

Sempre fui boa aluna a Português, daquelas que nem precisava de marrar muito, tinha gosto na matéria e era a minha disciplina favorita. Valeu-me a média de 18 no 12º ano e aqui me confesso...que nunca li nenhuma Obra. Lia os resumos e conseguia falar das histórias como se eu própria as tivesse vivido.
Deparei-me com este fabuloso resumo dos Maias, pelo Ricardo Araújo Pereira e achei brilhante!!!
Tinha de partilhar, tal foram as gargalhadas sonoras cá por casa.


Perdoa-me Eça de Queiroz, mas não resisti!!!

terça-feira, 11 de março de 2014

32.

É incrível os estados de alma que vamos passando, ano após ano. Sempre gostei de celebrar o meu aniversário, ficava eufórica e nem dormia direito!
Continuo a gostar, sem dúvida, mas de uma forma muito mais pacata, tranquila. Passei a fase do almoço no MacDonald's com as amigas e tarde de matiné no cinema(lembro-me tão bem de festejar os meus anos a ver o Jerry Maguire), a fase de jantar em casa e after party numa qualquer discoteca, a fase de jantar e barzinho à noite. Não tenho qualquer problema com a idade, não sou obcecada com a imagem, e prescindo muitas vezes de maquilhagem. Sou tão básica, que por vezes me torno chata, repetitiva. Sei disso :) Mas nasci assim...há 32 anos.
Continuo a assinalar o dia de hoje, mas confesso que passá-lo longe dos meus pais me afecta. Tive bolo, tive muitas vozes a cantarem os parabéns, tive mimos de palmo e meio e nenhum deles me deixou faltar o que quer que fosse. Cada minuto, foi hoje, uma década em mim. E só de coisas boas. Mas pais são pais...e este é o dia em que devia estar em CASA, CASA mesmo. Lamechices talvez.
Lá em cima, nunca trabalhei no meu dia de anos, era ramboia all day long...cá em baixo, a rotina mudou e agora partilho ainda com mais gente este dia e ainda bem. São eles que me tapam as outras ausências, que me saram as saudades e me iluminam o dia!
O telefone não pára, meu coração também não.
São 32 anos de coisas boas, de memórias sem fim, de laços quentes.


Hoje de madrugada, disseram-me que pela forma que eu encaro a vida, não envelheço tão depressa.
E foi o que retive :)
Obrigada silenciosos por fazerem parte da decoração desta Sala, por me terem dado um mundo único de partilhas que já não consigo abrir mão.
Para vocês, trinta e duas vezes o infinito***

segunda-feira, 10 de março de 2014

O amor.

Esta foi na Graça, em Lisboa, que tem sempre tanta graça...


A minha resposta a isto seria "Aquele que vale a pena", e a vossa?
Bom início de semana***

sábado, 8 de março de 2014

Sol de Março

Não se assustem, não vou colocar aqui mais uma foto do sol em final de dia, do que está em cima de uma mesa na esplanada virada para a praia, não vou associar nada disto ao facto de ser Dia da Mulher hoje, mas vou sim dizer que amo de paixão o meu mês...de Março.
Em Março nasci, tirei a carta, comemorei dias inesqueciveis de outras pessoas inesqueciveis, apreciei como ainda hoje aprecio o começo da minha estação preferida e é em Março, que vejo os raios de sol com uma magia diferente. Parece-me sempre o fechar de um ciclo e o recomeço de outro. Um capítulo que se fecha e outros tantos que começam a abrir...as nuvens vão sendo retiradas aos poucos e parece que é desta, que o ar se vai respirar melhor.


É Março e basta. Mês três, o mesmo mês que me fez tatuar precisamente 3 estrelas em mim (não só por isso, mas também).
O mês que me renova a energia, que me fez Peixes com muita honra e que me merece uma daquelas selfies que estão na moda. Não, não foi nos Óscares nem em nenhuma rua de Los Angeles. Foi a caminho da minha invicta Porto e tenho a certeza que até a Ellen Degeneres se perderia de amores por ela.
Posso? Aqui vai:


Bom Sábado****

quinta-feira, 6 de março de 2014

É impressão minha...

...ou o António Variações e o Raúl Meireles têm algumas semelhanças?


Ahahahaha, e amanhã já é Sexta!!! Siga!!

quarta-feira, 5 de março de 2014

As palavras que espero nunca dizer a ninguém.

Olá silenciosos, confesso que vinha cheia de pedalada para pedir desculpa por esta minha pequena ausência (dias cheios, apenas!), para saudar o sol que decidiu aparecer, para reclamar das pessoas fofinhas que decidem pagar água-luz-internet-mosquitos-cabelos-alhos-bogalhos-e-mais-tudo-o-que-se-lembrem na caixa multibanco, mas ao olhar para as notícias vi isto. E engoli em seco. Senti-me pequenina, invisível quase. Relembrei o ano em que vi a primeira notícia do Rui Pedro. Da mãe, sem alma já, sem expressão no olhar. Relembrei o caso que mais me traumatizou, aquele que todos conhecemos.
Fez ontem 16 anos que desapareceu, uma vida que de tão partida em bocados, se faz inteira.
Se ele ainda existir, esteja onde estiver, que leia o que lhe deixaram. Que perceba que já não é só a mãe que o espera. É um país inteiro, que por mais frio que pareça com os seus e por mais preocupado que pareça com Maddies e afins, não se esquece de quem lhe pertence.


“Carta de uma mãe ao filho desaparecido.
Meu filho, faz amanhã 16 anos que não te vejo, e depois deste tempo todo ainda espero por ti! Espero e esperarei até que me digam algo de ti! Este tempo todo imagino-te crescendo, tornando-te um homem,e eu aqui parada no tempo, á tua espera! Nunca deixarei de te esperar!!! De uma forma ou de outra, os dias sucedem-se, muitos Já partiram, outros nasceram e cresceram enquanto estiveste fora...outros vão nascer breve, sabias? Há tanta coisa para te dizer, tantas promessas a cumprir que não vão chegar o resto dos meus dias para os realizar...volta, estamos aqui todos á tua espera...tal como naquele fatídico dia 4/03/1998...Se não quiseres falar basta um abraço, tu sabes dar tão bem abraços! e beijos pequeninos...bem sei que estás crescido, mas a mim não vais negar?! Tenho tentado tudo para suportar a tua ausência...tudo mesmo!!! Ás vezes digo a mim própria que é um pesadelo e que vou acordar a qualquer momento e tu estás aqui...depois abro os olhos e a realidade atordoa-me os sentidos! NÃO ESTÁS! e não posso fazer nada!!!!
Sabes, já nem rezo, olho para o vazio e mentalmente pergunto por ti?! Já nem sei quem sou, ou no que me tornei!!!Um fardo para uns...uma lunática para outros! Dizem que sou forte?! Quando eu sou tão frágil...imagina a tua irmã o que tem de suportar?! E ser a filha mais maravilhosa que alguém poderia ter! Porque é nisso que ela se tornou Pedro, num ser humano espantoso! Tens de ter orgulho nela! Vês filho, o que tenho para te dizer não chega uma carta...Como faço para comunicar contigo? A tua irmã está á distancia de um telefonema, basta-me saber que está bem! contigo faria igual, só quero que sejam felizes! É pedir muito filho?
Quando puderes juras que me respondes? Eu continuo aqui à espera..
Um Abraço do tamanho do mundo, da tua mãe que te adora e não sabe o que fazer sem ti?!
P.s. Estou a escrever-te do teu quarto, o pai acabou de entrar, ele trabalha muito, e sente muito também a tua falta, só não sabemos como te dizer!? Daí a carta, desculpa se é muito longa, mas juro que se tu vieres eu não te canso! Eu calo-me e basta-me o teu olhar no meu.
Adoro-te! Mãe”,


e é isto.