terça-feira, 19 de novembro de 2013

O amor é igual em todo o lado*

Quando vim para Lisboa, deixei todo um caminho de luz para trás.
Não estou nada arrependida, estou só a constatar que não me daria mal certamente. Falo mais a nível profissional, porque já se sabe que sendo filha única, ficar em casa ou arredores, seria sempre bom.
Em 2009, quando me despedi do meu emprego, estava no meu 4º ano lectivo e pela primeira vez, ia acompanhar um grupo. ~
Apanhei-os no Berçário, vi-os a andar, vi-os a tirar as fraldas e a refilarem por tudo e por nada.
Vi-os a olhar para mim, como se não tivessem nenhum medo.
Eram os meus finalistas da Creche e nesse ano, havia a forte possibilidade de eu os acompanhar até outras salas.
E esse sim, era um sonho que acalentava desde sempre, como Educadora e como pessoa. Ver os frutos do meu trabalho, acompanhar de perto sem ter de entregar de mão beijada a outra colega. Sem tirar o mérito de ninguém que os orientasse a seguir, claro...mas eram "meus", só "meus" e a partir daí, não consigo explicar mais nada.
Mesmo assim, escrevi uma carta a todos eles, que foi colocada no livro de Finalistas. Até hoje, foi a carta mais sincera que escrevi em toda a vida.
Estava em minha casa, ao computador, na sala. E de repente, enquanto ouvia o Daughters do John Mayer, desato num pranto tal que até o meu pai veio atrás de mim a perguntar o que se tinha passado. E era só emoção. Emoção da despedida, de um "Desculpem" que não cabia no peito. De um "Força, vocês vão ficar sem a 'M´ânia mas vão ser uns crescidos".


E assim foi, o meu grupo no ano seguinte ficou com uma excelente colega e eu vim, armada em corajosa, orientar um novo grupo de 2 anos, muito verdinho e a precisar de crescer.
Quando cá cheguei, achei que não ia conseguir gostar deles como tinha gostado do grupo anterior.
Achava que não me ia afeiçoar a ninguém e que a saudade me ia corroer.

Nada disso.

Estava enganada, tão enganada. Estupidamente iludida com a minha certeza.
Não houve uma birra, uns olhos de choro, um dia difícil que não me desarmasse.
E aí...o amor aconteceu.
Foi aqui que percebi que as caras mudam, mas o afecto aparece na mesma.
Foi aqui que percebi que o amor, afinal, é igual em todo o lado.

17 comentários:

  1. O texto está tão lindo :). Oxalá fossem todas as pessoas assim :)

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  2. O Amor é o sentimento mais nobre e lindo. Sem Amor a Vida não faria sentido.

    R de Rita

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  3. Que texto lindo :)
    Acredito que são pessoas como tu que fazem a diferença, se escreves desta forma imagino o amor, a ternura e a noção de amizade que lhes transmites. Acho que já te o disse, mas repito deves ser uma excelente e muito especial educadora.

    Beijinhos para ti e para todos os meninos que tiveram e terão a sorte de ficar nas tuas turminhas*

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  4. Magnifico texto :) Amei!!!!

    Tomara que muita gente gostasse assim tanto do seu trabalho como tu.

    Beijinhosss!

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    1. Obrigada querida, mas olha que também tenho dias maus :/
      beijinhos

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    2. Acredito!

      Mas os dias bons compensam sempre :).

      Beijinhos!

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  5. Eu sou suspeito para opinar! Mas quem ama, ama no norte ou no sul! Basta que as pessoas se disponham a ser amadas, e as crianças gostam e precisam de muito amor!
    Quem ama e respeita tão naturalmente, acaba por ser também amada e respeitada.
    Apesar de curta ainda, dá para perceber que a tua história de vida está cheia de boas memórias, mesmo os episódios de maior sacrifícios que seguramente enriquecem essa história e fortalecem o futuro.
    Milhares de beijos de gratidão pela FILHA e MULHER que és :)

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  6. Depois de ver os comentários do teu pai fico sempre sem saber o que escrever... :P Por isso hoje digo-te apenas que adorei ver a tua paixão pela profissão!!;) (a paixão pela minha trabalhará amanhã para ti!!;) Hoje já não consegui!:P) Beijocas!!!:)

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    1. Já somos duas, nunca sei o que dizer quando meu pai escreve assim...
      ok ok, fico à espera!

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  7. Adorei!! Tanto tanto.
    E ...esse tal grupo dos 2 anos fazia parte a minha filhota :)
    Foste tão importante para ela, e ainda o és. Fazes parte da família. Obrigada.
    PS-ainda bem que vieste para sul :)

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    1. Ohhhhh...mil vezes obrigada!
      Nem sei o que dizer :) beijinhos****

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